Ontem fiz uma coisa difícil... Não, não terminei com a namorada, não briguei com a minha mãe, não me declarei e nem fiquei sem comer chocolate. Foi algo muito mais difícil. Me despedi de uma casa. Uma casa que conheci minha vida inteira, a primeira rua que decorei o nome. Rua Heitor Chiarello 676. A casa por onde tanto andei. E enquanto passeava pelos cômodos, já vazios e desprovidos de pessoas ou móveis, senti um aperto no meu peito. Mas o tipo de aperto saudável, aquele que se sente quando se despede de um amigo que passou no vestibular, ou do pai que beija a filha na testa uma ultima vez antes de entregá-la ao noivo,ou ainda o aperto de uma mãe ao ver o filho deixar a casa. Por cada comodo vazio que andava eu parava e fechava os olhos. E em cada comodo vazio eu me imaginava em um passado distante. Os móveis voltavam, sons enxiam meus ouvidos e podia jurar que eles estavam ali. Meus tios, primos, amigos, mãe, avós, pai e desconhecidos. Podia imaginar todos os momentos bons que tive naquele comodo. Na sala de TV um tarde memorável junto de meus amigos jogando Wii, na sala de estar tantas tardes e noites jogando RPG, na copa ceias de natal e cafés tomados juntos dos familiares e amigos. No banheiro social “aquela!” coisa que me rendeu um apelido. Na cozinha a carne da minha avó assando no forno. No escritório/ quarto do computador eram tantas, que parei durante alguns minutos só desfrutando da presença imaginarias delas. Na piscina! Lembranças de amigos recentes e antigos se misturavam em um vórtice de risos, piadas e churrasco.
Ao final da excursão voltei a sala me sentei do lado da porta, olhando fixamente para o portão aberto que dava para rua. Não seria a ultima vez que veria a casa, mas sabia que só não chorava ali naquele momento por ter feito a promessa, e me dei conta, como se não bastasse o dia cheio, que se tivesse que voltar a aquela casa dali a uns 10 ou 20 anos não haveria força no mundo que me impediria de me derreter em lagrimas de saudade.
Pois é, saudade. Saudoso seria a palavra ideal para me descrever naquele momento... Dei mais uma volta pela casa, o aperto aumentando a intensidade. Só havia lembranças boas, com pessoas ótimas em circunstancias das mais variadas possíveis. Lembranças de risos, piadas, jogos, conversas, brincadeiras, comidas, doces, beijos, abraços e carinho.
Carinho, a ultima palavra-chave do texto. É com carinho que vou guardar todas as lembranças saudosas da Rua Heitor Chiarello 676. Pois foi com carinho, que ela me guardou por tanto tempo.
Ofereço este texto, rude, sem métrica nem valor material a todos que já passaram, se hospedaram, viveram, conheceram ou até mesmo ouviram falar da Rua Heitor Chiarello 676...
Sem vocês, eu não terias essas e tantas outras lembranças e com certeza esse texto nunca teria sido imaginado.
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