As vezes olho para o pedaço...
O pedaço daquela escultura de tantos anos atrás...
Um pedaço estranho, sem cor, sem sabor...
Me vejo tentando encaixar aquele pedaço em algum lugar...
Mas acabam sendo tantos pedaços...
Tantos pedaços, pequenos, desconexos e ridículos...
Ridículos, pois sim, por não serem completos...
Me abaixo e pego os pedaços...
Mas são tantos pedaços...
Que me perco em um mar deles...
Não cabem em mim...
Não cabem no mundo...
São tantos pedaços!
E esses pedaços todos são dela...
Ela que sabe que faz falta...
Ela que é estranha,com cor e com sabor...
São tantos pedaços! Vou enlouquecer...
E são todos, novamente, dela...
Ela que não lembra quem sou...
Ela que esquece quem fui...
SÃO TANTOS PEDAÇOS!
E são todos dela!
Ela que me enlouqueceu...
No mal sentido da palavra...
Maldita seja!
Os pedaços desconexos...
Os pedaços que eu já não vejo...
Os pedaços que eu já não escuto...
Os pedaços que eu já não colo...
Os pedaços estranhos...
Estranhos para mim...
Mas não estranhos para os estranhos...
Os estranhos que ela escolhe..
Os estranhos que ela confia...
Maldita seja!
Que não me entrega a merda da cola...
Que não me ajuda a recolher os ridículos pedaços...
Que não me desenha o maldito esboço...
Que não necessita mais de um escultor...
Do seu velho, antigo e estranho escultor
Do seu velho, antigo e estranho amante
Do seu velho e antigo e estranho amigo
Todos escultor deixa a obra para os outros analisarem.
Não eu, pois sou egoísta.
Pois não quero ser esquecido.
Pois não quero perdê-la.
Embora, esteja perdendo-a.
Escultor sz'
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