Tenho vontades, tenho sonhos, tenho desejos e acima disso não tenho uma coração.
Ele me escapa, foge, se esconde, arma-se, fica de tocaia e não volta.
Sem ele minhas vontades enfraquecem, caem famintas no chão estéril dos campos de asfódelos.
Quero voltar a viver, mas não posso, não consigo, tenho preguiça. Não vivo.
Quero voltar a sonhar, mas não consigo, me escapam em mais um vórtex insano. Não sonho.
Quero ver a luz, mas ela é distante, cansativa, doem-me os olhos. Não vejo a luz.
Anseio pelas trevas, mas eles não são presentes, não me confortam. Não descanso.
Anseio por mudança, mas elas demoram, se arrastam e morrem. Não mudo.
Anseio por liberdade, mas o ideal não me acude, não me conforta. Não sou livre.
Estou sem coração, sem vontades, sem energia, sem nem trevas a me tragar.
Sou um Sem-coração e assim vivo... Um eterno grito de desespero entalado na garganta.
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