terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pergaminhos do Conselheiro [2]

Sou Miro Greenshell, conselheiro do Reino Élfico do sul. Um ataque de largas escalas ocorreu a cerca de uma semana. Drows, os primos malditos dos elfos, e inimigos de todas as formas de vida boas. Nossas sentinelas avançadas avistaram seu batalhão se deslocando para Elesyas – a capital do reino – eram cerca de mil drows e todos combatentes treinados para matar e destruir. A Guarda Real foi convocada, e a Divisão Arcana disponibilizou alguns de seus melhores magos e feiticeiros para fazerem parte do batalhão. Fui convocado, nossos grandes mesteres ficariam descansando na capital caso o grupo fracassasse – sabíamos que havia possibilidades, e fui um dos conselheiros que votou a favor da permanência das maiores forças na capital. Rainha Lia foi veemente oposta a ideia, mas o conselho decidiu a questão.

Precisávamos de um líder, e milord Luren lideraria a expedição. Os drows estavam próximos e saímos da segurança dos limites mágicos da cidade para combatê-los. A batalha foi ferrenha, magias e flechas cruzam os campos – mais mortais que muitas laminas – e as espadas se chocavam rapidamente nos combates de corpo-a-corpo. Os drows eram adversários a altura, mas mesmo assim a batalha pendia para o nosso lado. Eu não me lembro de quantas magias eu lancei, ou quantas ordens gritei para nossas tropas. Lembro somente de estar esgotado no meio da batalha. Foi então que vi aquilo... E minha Herança despertou.

Lord Lauren estava caído. Cinco drows ao seu redor com as espadas levantas, compreendia a situação em um instante: eles haviam subjugado nosso rei pelo número (vi corpos de outros quatro perto do circulo. Um deles levantava a espada para o golpe final, os outros quatro mantendo alguns poucos combatentes afastados, e eu corri. Disparei das linhas de magos, recebi um corte feio no braço mas não me importei. Algo pulsava dentro de mim, minha magia aumentando, sendo preenchida de magia selvagem e me senti forte.

Gritei para o drows, ou pelo menos foi o que achei ter feito. O que saiu não foi som, mas um jato de ácido que feriu o drow com a espada levantada. Eles se viraram e me viram correndo... Alguns até riram... Levantaram as espadas e o resto é névoa... Minhas lembranças são confusas em meio a gritos de dor, magia explodindo e raiva em meu ser. Quando voltei ao estado normal de consciência estávamos de volta a linha dos magos. O rei era tratado por um clérigo e todos me olhavam com espanto, Lord Lauren fez um gesto para que me aproxima-se. Dei um passo e desmaiei.

Acordei uma semana depois, em meus aposentos no palácio. A batalha havia acabado a muito e havíamos vencido, porém as baixas causavam dor em todos. Rainha Lia estava ao meu lado, e viu milhares de perguntas em meu olhar. Lembro-me de ela abaixar a cabeça, uma lágrima escapar de seus olhos antes de levantar a face e me contar a história.

A história sobre um povo antigo e poderoso. Híbridos. Metade dragão, metade elfo e tão ou mais poderosos que ambos. Nascidos da mais pura magia em circunstancias especiais, e formados no ventre de elfas. Eu era o único exemplar vivo daquela espécie, os dragões não costumavam acasalar com elfos. Minha mãe havia vivido sua grande história de amor com um Dragão Verde, meu pai... Rainha Lia sabia que ele era e disse que havia passado a hora de conhecê-lo.

Tive uma semana somente para absorver a impactante noticia. De uma hora para outro meu mundo virava de cabeça para baixo e me senti só... Era o único da minha espécie, um capricho da magia dos dragões. A semana se passou exageradamente lenta, foi a pior e ao mesmo tempo a melhor semana da minha vida. A pior, pois em meio a pensamentos tenebroso minha Herança se agitava e deixava minha magia descontrolada e selvagem. A melhor, pois finalmente iria conhecer meu pai.

Finalmente o grande dia chegou... Ao pôr-do-sol meu pai chegou voando, as grandes asas fazendo sombra ao sol. Um imenso cometa jade descendo nos jardins do palácio, enquanto pousava sua se alterou e me vi diante de um belo homem. Tínhamos os mesmo olhos verde esmeralda, o mesmo cabelo castanho ondulado e, quando sorrimos um para o outro – os olhos marejados pela emoção – percebi que tínhamos o mesmo sorriso. Andamos timidamente um em direção ao outro, e em um súbito instinto nos abraçamos. Me senti completo, feliz: eu conhecia meu pai.

 Miro Greenshell, filho de Adamantis, Herdeiro da Dinastia Esmeralda

Baseado na obra de Julia C. - Diário Medieval 

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